assim começou

assim começou
é assim que as coisas começam, tudo muito vibrante, mas o final é o mesmo...

segunda-feira, 19 de março de 2012

A mais pura verdade

  • Amigo: Cara, você se arrependeu de ter terminado com ela?
  • Ele: Olha para mim, você acha que eu me arrependi? Eu saia sexta e só voltava segunda de manhã para trabalhar. Eu peguei a mãe, a filha, a prima, a tia e só não peguei a vó da vizinha, porque ela tinha hemorróida. Eu tinha cortesia para entrar nas melhores baladas. Eu esnobei as garotas que todos os homens queriam pegar. Transei de segunda à sábado e domingo eu via futebol. Detalhe, sem ninguém me chamando para ir ver a porra do casal feliz no Faustão ou sei lá o que. Me mandavam mensagens o dia todo e se você perguntar se eu li alguma eu vou te dizer que não. Eu podia ver filme pornô, levar a guria que eu quisesse para minha cama e depois chamar o táxi para ela ir embora para eu não precisar gastar gasolina, porque convenhamos, tá cara para caralho. Eu era o que elas queriam de qualquer jeito. E eu, queria todas de qualquer jeito, mas só um pouquinho cada uma. Chamava todas de bê, para não errar o nome de nenhuma. E por que diabos elas achavam que isso era fofo? Eu ia para academia às três da tarde e voltava às oito da noite. Tenho uma coleção de calcinha perdida na última gaveta da minha estante. Eu saia na rua com o som alto no carro e podia escolher a dedo, quero essa, depois essa e mais tarde, essa. Na minha geladeira nunca tinha uma caixa de cerveja, eram no mínimo quatro. Eu não devia nada para ninguém. A única guria que me cobrava alguma coisa, era minha mãe. Me cobrava minha cueca lavada e só. Não tinha que ir no cinema ver as comédias românticas e falar “own amor, eu faria o mesmo por você”. Não tinha que deixar de ir para balada para fazer um lanchinho em família. Não precisava me preocupar em horário e olhava para quem eu queria na rua. Minha casa tinha festa toda quarta. Camisinha aqui tinha do Bob Esponja até das Três Espiãs Demais. E eu ainda dava de brinde um moranguinho para cada garota. Meu trampo era sentado na frente do computador. Peguei tua irmã cara. A amiga dela. A Carolzinha filha do Prefeito da cidade. A Jú filha do gerente do banco. Loira, morena, ruiva, que gostava de pagode até a que gostava de gospel. Eu tinha o mundo na minha mão. E você me pergunta se eu me arrependi? Me arrependi caralho. Porque toda essa porra de vida perfeita nesses 9 meses que fiquei sem ela não teve valor nenhum depois que eu vi ela sorrindo de um jeito que nunca sorriu para mim, para um outro cara aí. Para um vagabundo desgraçado que vai fazer ela feliz, porque eu, eu não fiz ela feliz e ainda mandei a melhor coisa que eu tinha na vida me esquecer. E sabe o que é pior? Ela me obedeceu.
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