assim começou

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é assim que as coisas começam, tudo muito vibrante, mas o final é o mesmo...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Mulheres Canalhas


Mesmo a mais militante das feministas haverá de ficar chocada com “Canalha, Substantivo Feminino”, livro da jornalista Martha Mendonça, recém-lançado. Em seis histórias, protagonizadas por mulheres entre 20 e 48 anos, a escritora descreve os golpes baixos, as maldades planejadas e os ardis sujos utilizados para dobrar os homens e, também, passar por cima das rivais.
As personagens de Martha são apresentadas apenas pelo primeiro nome, a idade e a profissão. Larissa, 20 anos, ex-estagiária, tem o prazer de destruir o casamento do chefe metido a conquistador. Ângela, 42, promotora de eventos, convence o marido a brigar com o irmão. Mariana, 33, arquiteta, se vinga da ex-colega de escola e fica com seu marido. E por ai vão as “canalhas” da escritora, atropelando convenções, num livro escrito sem maiores ambições formais, mas direto ao ponto: inverter um clichê consolidado na guerra dos sexos.
Fiz uma breve entrevista com Martha, por e-mail. Veja abaixo:

Por que você escolheu este tema? Vontade de chocar?

Vontade de chocar? rsrs. Acho que não. Mas vou pensar nisso… Eu escolhi este tema primeiro porque nunca me conformei com os clichês de gênero. Homens canalhas, mulheres vítimas; homens gostam de futebol e mulheres de compras em shopping; homens se arrumam em 15 minutos e mulheres em duas horas; homens dão amor pra ter sexo e mulheres fazem sexo pra ter amor. Isso tudo me entra debaixo da unha… Pensei, junto com uma amiga roteirista, em um projeto que contivesse uma inversão de expectativas. Fiz então um primeiro conto, o da estagiária que puxa o tapete do chefe casado que colecionava casinhos com subordinadas. Mostrei o texto a esta minha amiga, ela gostou, mas acabou envolvida com outros trabalhos e não levamos à frente. Mas eu senti que tinha um caminho interessante ali. Eu GOSTEI  de escrever aquilo. E, no ato, me lembrei do livro que eu havia lido uns anos antes, Meu Querido Canalha, em que vários autores – Luís Fernando Veríssimo, Marcelo Madureira, Ruy Castro, Geraldo Carneiro e outros – contavam histórias de canalhices masculinas. Pensei: mas por que  os canalhas são sempre os homens e as mulheres, as vítimas? Que tal desvirtuar isso? Aos poucos, as outras histórias foram surgindo.
O livro é baseado em “histórias reais”? Experiências que você ouviu ou viveu?
Não vivi e nem assisti a nenhuma dessas histórias, de forma completa. Mas todas as personagens e acontecimentos têm alguma inspiração na realidade. Alguém de quem ouvi falar na minha infância, a noiva de um amigo (que tentou se matar por ela), a própria mídia – é só ver o conto “Ingrid”, sobre a moça humilde que queria ser famosa a qualquer preço. O que eu acho importante perceber nos meus contos é que nenhuma delas é a mulher vingativa, a ex-mulher que usa os filhos pra atacar o marido que foi embora ou a ex-namorada abandonada que destroi a coleção de vinil do cara. Todas elas são movidas pelo próprio prazer. É como a frase da Jessica Rabbit que eu coloquei no inicio do livro: “Eu não tenho culpa, me desenharam assim”.

Já ouviu a reação das mulheres? O que você espera?

Minha mãe leu em uma tarde e me telefonou: “Minha filha, como é que você consegue pensar tanta maldade??”. Um amigo ficou com medo porque a mulher pegou pra dar uma olhada e não largou mais. Tem sido assim os retornos que tive: quem começa a ler costuma ir direto até o fim – e termina se dizendo impressionado, ou surpreso, ou me pergunta logo se eu já vivi ou soube daquelas histórias. Uma amiga chegou a me perguntar, preocupada: alguma dessas canalhas sou eu? (não era!) Uma coisa que eu temia (temo, na verdade) é acharem que eu estou dizendo que as mulheres, como grupo, são canalhas, ou que são mais canalhas do que os homens. Não. O que eu quero dizer é que as mulheres também PODEM ser canalhas. Simplesmente porque as mulheres podem tudo. Agora, o que eu espero mesmo do livro é que as pessoas se divirtam. É ficção, literatura, entretenimento. Se elas tiverem prazer ao ler meu livro, então todo o resto é menor. E, pra mim, como meu marido leu duas vezes e (ainda) não foi embora de casa, está tudo certo.

O livro foi pensado para ser adaptado para TV ou cinema? Já está negociado?

Não, ainda não há qualquer negociação. O livro acaba de ser lançado. Mas acho que tem um grande potencial de adaptação.

http://mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br




Nota da bloqueira: Acho que vou comprar este livro e quem sabe escrever um eu mesma, pq infelizmente, tenho conhecido mulheres que alem de canalhas são covardes...daria um best-seller

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